Uma série de dados vindos de países ricos (os mais afetados pela crise) atesta que a economia mundial está em um momento de virada, iniciando uma trajetória de recuperação, avaliam economistas. No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) de Japão, Alemanha e França voltou a subir no período de abril a junho, fato que marca o fim da recessão. Os três países são, respectivamente, a segunda, a quarta e a quinta maiores economias do mundo.
"A pior fase já passou há muito tempo, mas a recuperação está sendo mais efetiva a partir deste terceiro trimeste", avalia o economista Francisco Barone, da Fundação Getulio Vargas. "Nos Estados Unidos, onde a crise começou, agora é que a economia vai dar uma puxada forte, no terceiro trimestre", como resultado do aumento de gastos do governo, afirma Fabio Kanczuk, da Universidade de São Paulo (USP). Apesar dos números positivos, isso não significa que tudo vai melhorar rapidamente. A partir de agora, os países ricos sairão da fase de encolhimento e entrarão em um período de "crescimento medíocre", prevê Kanczuk.O motivo é que a recuperação dessas economias deve-se a incentivos públicos. Os governos endividaram-se fortemente para ajudar empresas e bancos em crise. "A dívida vai ficar gigante em quase todos os países desenvolvidos". Para reduzir o peso dessa dívida, a "solução típica é o aumento de impostos", segundo Kanczuk, mas isso sufoca o potencial de crescimento econômico. "A economia não vai afundar, só vai crescer de forma medíocre", avalia.No Brasil, os dados sobre o PIB do segundo trimestre serão divulgados no dia 11 de setembro. China: Bolsa em quedaA Bolsa de Valores de Xangai, na China, tem sofrido fortes quedas nos últimos dias, justamente no momento em que vai se consolidando a ideia de que a economia global está em recuperação. Barone, no entanto, vê esse movimento no mercado chinês como meramente especulativo. "Não está vinculado a dados macroeconômicos, mas a movimentos especulativos naquela economia pontualmente."México e Venezuela: PIB em quedaNa contramão da melhora econômica mundial, dois países latino-americanos anunciaram que a economia encolheu. No México, o PIB encolheu 10,3% ante o segundo trimestre do ano passado, maior queda em quase 30 anos. Em comparação com o primeiro trimestre, o recuo foi de 1,1%."O México é superdependente dos Estados Unidos, mas, em geral, está atrasado. Se os EUA vão se recuperar no terceiro trimestre, provavelmente o México não se recupera antes do quarto." Cerca de 80% das exportações mexicanas são voltadas para os EUA, país que gerou a crise. O outro latino-americano que divulgou recentemente dados negativos sobre o PIB foi a Venezuela. A economia local encolheu 2,3% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado. Foi o primeiro recuo desde 2003. O desempenho foi afetado não só pela desvalorização das reservas de óleo do país, mas também pela diminuição dos gastos dos consumidores e da produção industrial.Os resultados do México e da Venezuela, no entanto, são localizados e não representam uma tendência para a América Latina, avalia Kanczuk. Ele estima que a economia brasileira tenha crescido em torno de 1,5% no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior.